terça-feira, 29 de novembro de 2011


GEORGE HARRISON


Há luzes que iluminam
Sem mostras de seus raios.
Há poemas de raro esplendor,
Que não exigem louros, ego e altar.
Há deuses encobertos
Com desapego às coisas mundanas,
Aos desvarios e devaneios de vaidosos;
Sem narcisos, sem espelhos.
Desta semeação nasceu
A mais bela canção de amor
‘Something’
Apenas, ‘Algo’
Única palavra, diz toda a obra.
E, para a eternidade, meu George Harrison, sua lição:
‘Só quero me preparar para ir do jeito certo e para o lugar certo”.
Eu sei.

Natal, 29 de novembro de 2011.

terça-feira, 22 de novembro de 2011


OS TIGRES E A BURRA
Esgota-me...
Esta luta cruel e insana
Todos os dias, todas as horas, todos os momentos
Contra os tigres internos a atormentar minh’alma,
A instigar meus demônios
Raivosos, revoltos e insensíveis
À dor de outrem, à insignificância dos humildes,
À insuportável convivência com os desvalidos.
Fiz-me rei. Sou rei!
Serei eu que rei?
Quais os limites de meu reinado?
Risíveis.
Ao norte, a indecência pecaminosa. Ao sul, a avareza mordaz.
Ao leste, a divisão do indivisível. Ao oeste, a subtração de vis metais,
Tilintantes em trinta moedas, extorquidas dos miúdos.
Subtração de valores não meus,
De igualdades, de esperanças e de fé;
Subtração das felicidades que não se medem
Dos que pouco têm, bens perdidos e a perder,
Dos que não precisam da morte de seu igual
Para coroar o êxito fugaz,
Daquele vil metal de seqüestro para transbordar a burra,
Que não paga e não retira
O sono daqueles que não precisam
Domar tigres,
Porque não os têm; não os querem.
Eu, também, agora, não os desejo mais:
Os tigres, os demônios, a burra.

Natal, 22 de novembro de 2011.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

sábado, 30 de julho de 2011

AMY
Eu me morri
Morri um pedaço de mim
Não, não, não
Nasci em mim
Há uma música que não silencia
Ressurge do corpo morto
Em alma viva, em um rehab
Sim, sim, sim
Não há negar
Você vive em mim
Não há silêncio
Não há abismo
Não há ponte
Em nossos caminhos
Não, não, não
Não há um caminho
Somos uma só alma
Um só canto
Sábado é um lindo dia
Sem trabalho
Sem o tédio do domingo e o suor dos outros dias
Você escolheu o sábado
Para celebrar o momento
Para descansar, dormir e ir
Mas eu tenho você
Como sempre tive
Nem que seja em um clique 
“You say goodbye and I say hello, hello, hello” 

quinta-feira, 26 de maio de 2011

A RIBEIRA SUSPIRA

Li, comovido, o lamento sob o título “A Ribeira já foi nobre” da lavra de Woden Madruga, em dueto com Augusto Severo Neto, nas páginas dominicais da Tribuna do Norte (25/06/06).

Não é de hoje a insatisfação do escriba com o velho coração de Natal que padece há bom tempo por falta de gestão pública e privada.

Suas palavras, carregadas de afetuoso saudosismo, ser-me-iam mais prazerosas se pudesse voltar no tempo e reviver esses lustros idos. Não passa de dez anos que aportei por estas terras. Mas o relato entusiasmado, a quatro mãos, consegue fazer com que eu beba, imaginariamente, deste néctar sagrado: a paixão por nosso torrão.

Quero dizer de algumas experiências vividas por uma cidade em circunstâncias semelhantes. São Paulo. A cidade de onde vim.

Final dos anos 60, início dos 70, São Paulo sofreu um grande êxodo de sua nobreza econômica do Centro Velho, ou Centro Histórico (Páteo do Colégio), como queiram para a Avenida Paulista, do MASP.

Durante quase duas décadas, a degradação do centro da capital paulistana desceu a seus mais baixos níveis.

Os antigos e elegantes cinemas serviram em primeira investida para a exibição de filmes pornográficos e, muitas das vezes, de local para a sodomia, não no palco, mas nas próprias poltronas. Depois, converteram-se em igrejas evangélicas.

As poucas igrejas católicas deixaram de receber manutenção e conservação como os poucos teatros que resistiram, quando não, transformados nos palcos acima.

Bons restaurantes fecharam suas portas e proliferaram as lanchonetes de higiene duvidosa.

As matrizes dos grandes bancos brasileiros mudaram-se para a emergente Avenida Paulista levando consigo as boas agências de publicidade, renomados escritórios de advocacia; o circuito dos Jardins recebeu os consagrados consultórios médicos e laboratórios de análises.

Desnudo ficou o centro velho de São Paulo não sendo recomendado transitar a pé por aquele local quer de dia, pior à noite.

A sensação que, hoje, bate no peito de Woden e outros puros-sangues que amam Natal, acordara, no final dos anos 80, alguns paulistanos para o descaso no trato com sua cidade.

Os gestores públicos e a iniciativa privada passaram a debater o problema e algumas soluções foram encontradas e colocadas em prática.

Lembro-me que um grande entusiasta da iniciativa privada foi o presidente do Banco de Boston, cuja agência situava-se na Rua Líbero Badaró, uma das mais afetadas pelo ostracismo.

O trabalho foi lento, paulatino e já é possível ver os resultados. Não se enumeram todos, porém alguns, pois o objetivo é discutir nossa querida Ribeira, que é o local de Natal que mais gosto depois da aristocrática Petrópolis.

A Estação Sé do Metrô paulistano foi o primeiro passo para a reurbanização. Seguiram-se Vale do Anhangabaú e Estação Ferroviária Júlio Prestes. Pujante, o Mercado Central sempre reuniu a tradição de seus comerciantes de pai para filho, a qualidade de seus produtos, distinta clientela e belíssimos e impagáveis vitrais de Conrado.

Voltando à Ribeira, a inquietação existe, e isto já é um ponto positivo. Falta acertar a mão para a promoção das mudanças.

Primeiro, é preciso entender que a mudança e a restauração devam ser à moda da Ribeira com o crivo de seus agentes que a conhecem e a amam como inúmeros Wodens que existem nessa cidade.

Não adianta querer imitar o Recife Antigo ou a própria São Paulo, aqui paradigmada. Não, os pernambucanos têm suas intimidades e tradições peculiares, com as têm os paulistanos.

Natal já pecou por querer fazer da Ribeira um Recife Antigo. Lá pelo final do século que findou.

Noto em Natal alguns equívocos. Entristece-me perceber que Natal está perdendo seu glamour e está virando uma capital de Estado comum. A Via Costeira cada dia que passa perde seu encanto com a construção de seus elefantes brancos de luxo, chamados hotéis, e conseguiram destruir Ponta Negra por razões que se dispensa comentar as causas.

Não apenas as tradições de pessoas e prédios urbanos emolduram a velha Ribeira. Sua beleza natural. Seu porto, com os cais, o Canto do Mangue e pontos comerciais que lhe dão sustentação econômica, misturados ao estuário do rio Potengi, agraciado com um dos mais magníficos pôr do sol que se tem conhecimento, fazem o cenário de um inesquecível lugar para ser contemplado por qualquer amante do belo.

A diferença entre Ribeira e Via Costeira e Ponta Negra reside em que essas duas últimas sucumbiram destruídas por obra arquitetônica; a Ribeira por abandono. Ainda, assim, é um consolo saber que seu solo está preservado.

Mulher feia e mal vestida dificilmente dança em baile. O que fazer?

Tornar a Ribeira atraente.

A Ribeira, como já disse, é formosa. Falta vesti-la. Reconheçamos que ela está maltrapilha.

Deve-se afastar o oba-oba festivo, pois, inconseqüente e improdutivo.

Às vezes, o poder público perde excelentes oportunidades.

Recentemente, o Mercado Público de Petrópolis recebeu reforma e, curiosamente, o advento de inúmeros comércios (sebos, antiquários, galerias de arte, música ao vivo às sextas, etc.), embora interessante, destoa e desvirtua a finalidade de mercado público. Justamente, neste segmento para abastecimento de gêneros alimentícios o bairro é carente. Mantivessem os boxes primitivos, porém reformados, ministrassem cursos a seus concessionários - que não são proprietários; o espaço é municipal - para aprimoramento do atendimento à freguesia com higiene e saúde pública; estimulassem o comércio sofisticado de boas frutas, verduras, carnes, pescados, frutos do mar, bons frios e vinhos de variadas safras e origem e teriam dado bons destinos à versação da res publica. Optaram pelo circo.

Outro exemplo. Foi ocupado pelo poder público - não sei precisar qual órgão - o antigo galpão onde ficaram alojadas as Varas do Trabalho antes da inauguração do complexo judiciário trabalhista. Não seria o caso de reabitar a Ribeira trazendo mais entidades governamentais e ocupar os prédios ali existentes, muitos abandonados e de baixo custo locatício. Um dos maiores males da Ribeira é a falta de gente e, por conseqüência, de circulação de pessoas. Estimulando esse ponto, certamente o comércio voltará a florescer por meio de bares, restaurantes e comércios próprios para atendê-los. Sem esquecer, evidentemente, de estimular a iniciativa privada para instalação de estacionamentos de modo a retirar os veículos do meio fio e melhorar o tráfego.

O maior problema da Ribeira: a escuridão. Temeroso andar ali ao dia; à noite, mortífero.    

Timidamente, já houve um avanço; deslocou-se a imprestável rodoviária antiga para outro local; o Teatro Alberto Maranhão sente-se agraciado com uma visão própria de seu ramo de atividade. Cultura. E a Ribeira casa bem com a cultura. É só querer.


quarta-feira, 30 de março de 2011

PARADOXO

Esta semana, duas mortes me comoveram bastante. Dois paradoxos que nos levam a refletir sobre a vida e a morte. Cibele Dorsa não resistiu aos sofrimentos da alma e deu fim à sua vida. José Alencar resistiu com toda a força de sua alma para manter sua vida e dar cumprimento à sua missão. Não há o que criticar, apenas lamentar a perda de duas vidas. Deus, com sua infinita bondade, com certeza recebeu os dois em seu reino eterno e lhes dará o agasalho merecido. 

domingo, 27 de março de 2011

REVOLUÇÃO

REVOLUÇÃO
Você quer uma revolução?
Então faça suas próprias canções,
Escreva seus próprios discursos.
Guarde as bandeiras do passado.
Todas sucumbiram.
Todas foram corrompidas.
Esqueça as flores e os canhões,
Nos deixaram, senão, senões.
Leia e odeie Maquiavel.
Mas lembre-se!
O que foi feito para que o poder do Poder fosse diferente?
Nada.
Ora...não condene seus avós, seus pais, seu País!
Faça a sua revolução!
Você pode, você quer.
Você é diferente de Che, Mao e Lennon.
Seja fel ou seja mel!
Mas seja real.
Tenha um ideal.
Leal.
Se não der certo?
Você ainda poderá virar estampa de camiseta,
Ministro da Cultura ou cantar no Oscar.
Dirá que os antigos companheiros foram radicais e
Que “in vini veritas”.
Faça a sua revolução!